´Eu sou Exu Caveira´, dizia um dos assaltantes do Opaba
Olhe pra minha cara, vai. Eu sou o "Exu Caveira". Foi assim que um dos assaltantes ao hotel Opaba, em Ilhéus, se apresentou à recepcionista do estabelecimento. O outro, preferiu o anonimato. Permaneceu mascarado o tempo inteiro. O Jornal Bahia Online conseguiu ouvir pessoas e ter acesso a depoimentos de hóspedes que estavam no interior do hotel e vivenciaram, por mais de duas horas, cenas de terror e medo na madrugada da último sábado. Foram três funcionários rendidos, dois apartamentos invadidos e cinco hóspedes tomados como reféns. Todas elas só nos pediram uma coisa: não serem identificadas. Temem represálias.
Os sinais de que nem tudo estava dentro da normalidade começaram a surgir por volta das duas da madrugada. Até então, o hotel contava com apenas 20 por cento de ocupação e estava uma tranquilidade só. Mas um problema técnico na pista do aeroporto de Ilhéus, impediu que um avião da Azul decolasse. Cerca de 15 passageiros tiveram que ser redirecionados ao hotel. Com o movimento intenso, a recepcionista chegou a "passar um rádio" para o segurança. Nas primeiras vezes, sem resposta. Depois de uma certa insistência, apenas uma fala: "tou no banheiro". Ele já estava rendido.
Os dois bandidos só se apresentaram de fato quando tudo já estava mais calmo. Sabiam detalhes das dependências do hotel. De arma em punho, pediram "a pasta verde" onde a direção costuma deixar dinheiro. Uma autoridade policial explicou ao JBO que, a princípio, não era intenção dos assaltantes chamar a atenção de quem estava hospedado no Opaba. Mas terminou acontecendo um imprevisto: uma hóspede desceu, se encontrou com os assaltantes na recepção e foi obrigada a informar que outras três pessoas estavam no mesmo apartamento que ela e sentiriam sua falta caso demorasse a retornar. Não houve jeito. Terminaram rendidas também.
Um outro hóspede, que chegou depois do grupo, foi rendido tão logo entrou no apartamento. É dele o maior prejuízo. Os assaltantes levaram relógio de ouro e uma boa quantia em dinheiro. Depois o amordaçaram no próprio apartamento do hotel.
Frios e Calculistas. Violentos, em determinadas horas. Esse era o perfil da dupla. Eles só deixaram o hotel por volta das 4 da manhã após passarem uma nova orientação para os funcionários. Eles permeneceriam amarrados. Mas se, por acaso conseguissem se soltar, antes das cinco manhã, aguardassem o prazo estabelecido de fuga para ligar para a polícia.
Funcionários e hóspedes já depuseram na delegacia e narraram todos os detalhes do terror. Autoridades policiais trabalham com a hipótese de que, pelo menos o mascarado, conhecesse bem onde estava pisando. "Eles sabiam de muitos detalhes das dependências do hotel", afirmou um investigador ao JBO. Mas até agora não há pistas concretas dos bandidos que aterrorizaram a madrugada de sábado no Opaba.